Olá. Apesar deste blog ser um diário pessoal, decidi adicionar um pouco de informação que possa interessar a outras pessoas.
Este assunto já é bastante conhecido para quem tenta estudar idiomas, em especial, o japonês. O SRS (Spaced Repetition System, ou sistema de repetições espaçadas) é um sistema de retenção de informação através de repetições cujo intervalo entre uma e outra depende da performance de quem está revisando e do histórico de sucesso e fracasso da informação revisada. Funciona mais ou menos assim: Você precisa reter na sua memória uma informação "A". Quando você tiver que estudar o tema que contém esta informação, você será cobrado sobre esta informação. Você poderá então:- Não se lembrar da resposta.
- Errar a resposta.
- Pensar um pouco, e com certa dificuldade, lembrar da resposta.
- Responder certo, com certa facilidade.
- Responder certo, quase que instantaneamente.
O que isso significa?
Dependendo do sucesso que você teve em se lembrar da informação "A", você terá que revisar ela novamente mais cedo ou mais tarde.
Ficou um tanto confuso a minha explicação, né? Mas você encontrar em zilhões de sites de aprendizagem de japonês explicações melhores que a minha. No caso da aprendizagem de idiomas, o recurso mais utilizado é com flashcards, que são cartões de perguntas e respostas. Você recebe uma pergunta em um lado do cartão, e terá que fornecer a resposta. No caso de uma resposta certa, este cartão só será revisado em uma outra sessão de estudos.
Existem vários softwares para o estudo de flashcards. O mais famoso, e acredito que o mais recomendado, é o Anki. Ele é um software gratuito (para Windows, Linux, Mac e Android. Para iPhone ele é pago), leve e é possível fazer sincronização de sua conta entre vários dispositivos que você for usar. O download você pode fazer no link: http://ankisrs.net/. A instalação também é bem intuitiva.
Um pouco de história: Repetições espaçadas

Hermann Ebbinghaus (Fonte: Wikipedia)
Em 1972, o cientista austríaco Sebastian Leitner criou um sistema de memorização espaçada utilizando cartões de papel. Este sistema se baseou em observações feitas pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus sobre a retenção de informação na memória de longo prazo. Publicou seus estudos sobre o efeito de espaçamento (spacing effect) em 1885 no livro Über das Gedächtnis. Untersuchungen zur experimentellen Psychologie (Sobre a memória: inquérito para psicologia experimental), onde ele observou que o aprendizado é mais eficiente se o estudo é espaçado em intervalos distantes, ao invés de estudar várias vezes seguidas a mesma coisa. Este efeito é bastante utilizado por quem faz publicidade. Dizendo de forma bem leiga; temos a memória de curto prazo e a memória de longo prazo. Na memória de curto prazo retemos informações recentes, como por exemplo, quando estamos vendo um filme. Alguma cena que se passou em alguns minutos ainda estará em nossa memória, pois se não fosse assim, não entenderíamos o filme, pois sempre estaríamos perdidos. Porém, muitos detalhes do filme se perdem de nossa memória depois de algum tempo. Se no dia seguinte você tentar se lembrar do que assistiu, você não vai conseguir se lembrar 100%. O mesmo vale para quando temos que estudar, decorar alguma senha, etc. Quando lemos pela primeira vez, muito provavelmente não reteremos toda a informação de primeira. Será necessário estudar novamente. Aí entra então a memória de longo prazo. Depois que as pessoas te pedem o seu novo número de telefone, e você sempre tem que checar nas informações do seu celular ou dar um toque no celular da pessoa para ela ver o seu número e salvar nos contatos dela, em algum momento você vai se familiarizar com aquele número e vai decorá-lo. Aí então, esta informação passará a estar na sua memória de longo prazo. Depois de revisar aquela matéria para a prova pela terceira vez, você vai se lembrar muito mais do que quando viu pela segunda e pela primeira vez.
Com estas observações, Ebbinghaus definiu uma curva de aprendizagem, que é uma modelagem matemática que mostra como é a relação entre o aprendizado e a experiência com algum tópico.

Fonte: Wikipedia
Como é mostrado na figura acima, a curva tem um caráter sigmoidal. Isso significa que a aprendizagem é inicialmente difícil e lenta. Após um determinado tempo o conhecimento vai maturando até que chega em um ponto onde o conhecimento tende a estabilizar, que é quando retemos na memória de longo prazo.
Baseado nestes estudos, Leitner dividiu seus cartões em caixas, onde ele classificava os cartões em cada caixa de acordo com o grau de dificuldade que aquele cartão tinha de informação. Os cartões eram movidos de caixas conforme se tornavam mais ou menos familiares.
Ao longo do tempo, este sistema foi sendo otimizado, obtendo-se uma modelagem estatística e matemática mais robusta, baseando-se em um feedback mais detalhado do estudante, e trocando o volumoso baralho de papel por um software.
Sobre o Anki:
O Anki se baseia no algoritmo SM5 da SuperMemo. É uma plataforma onde você pode importar os decks (baralhos) prontos que são compartilhados ou pode criar os seus próprios baralhos. Uma coisa bastante interessante é que você pode modelar os seus cards. Isto é, adicionar campos como perguntas, respostas, exemplos, figuras, áudio, apêndices, etc. Tudo isso faz com que o sistema seja muito interessante. Por padrão, quando criamos um deck novo, as cartas seguem o layout básico, com dois campos: Pergunta e resposta. Podemos, porém, incrementar nosso baralho.
Adicionando cartão com o layout básico. (Fonte:Link)
Na hora de revisar o cartão, a interface deve ser como a da figura abaixo:
Fonte:Link
Não vou detalhar muito o funcionamento do layout básico agora, pois minha ideia é compartilhar com vocês como eu faço meus decks.
Enfim, este post já está ficando um tanto grande. Tratarei, portanto, de como eu criei meu deck e como estou estudando, no próximo post.
Até lá!!
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